SUNAMITISMO

O sunamitismo popularizou-se e ganhou fervorosos seguidores no Ocidente. Na Alemanha do século II, o imperador alemão Frederico Barba-Roxa costumava estreitar dois rapazes aos seu estômago e pernas. Nos campos de concentração nazistas da Segunda Grande Guerra, o carrasco Heinrich Himmler tentava reanimar os prisioneiros, aquecendo-os com os corpos de donzelas.

Mais famoso, pois perdura até hoje, é o tantrismo. Surgido na Índia, há 5 mil anos, é uma filosofia que presta culto à mulher, como se fosse deusa. Muito justo, uma vez que ela produz, segundo os tântricos, dezesseis fluidos vaginais mágicos – um deles conhecido por bindhu, que tem o poder do rejuvenescimento.

Em sânscrito, Tantra significa "o que conduz á sabedoria". Na prática, é uma forma de adiar o orgasmo para obter prazer prolongado. O telefone toca, as crianças passam fome e o casal fica ali, sem desgrudar, horas e horas a fio. Em O Orgasmo Múltiplo do Homem, Mantak Chia, autor de vários livros sobre comportamento sexual, ensina:

  1. O homem deve ficar atento e parar um pouco de se mexer quando sentir que está perto de ejacular. Se for preciso, todos os estímulos devem ser interrompidos por 10 ou 20 segundos e só então recomeçados.

  2. Ele deve prender a respiração por alguns instantes. Outra técnica é fazer exatamente o contrário: respirar bem rápido para dissipar a energia sexual. É experimentar as duas para ver qual delas funciona melhor.

  3. Ele deve fazer a energia sexual circular pelo corpo. A mulher pode ajudar passando as mãos pela espinha dorsal dele, do cóccix para a cabeça, trazendo essa energia para cima.

  4. Muito eficiente é apertar o pênis. Ao sentir que vai ejacular, segure o pênis e pressione a ponta com o polegar e o indicador. Exige muita força de vontade interromper, a não ser que se tenha praticado 200 séries de exercícios com os músculos vaginais e consiga apertar a glande, o que é uma arte.

  5. Outra opção é pressionar o que os tantristas chamam de Ponto Rafe. Localizado no períneo (região entre o saco escrotal e o ânus), esse ponto corresponde à próstata, que é a glândula que expele o sêmen. Pressioná-lo pode impedir o processo.

O tantrismo exige reciprocidade. Se um não faz, nada se consegue. "Os hindus sabem que a natureza é coletiva. Um grupo de formigas, por exemplo, pode se sacrificar para que as demais atravessem um rio", explica Vanessa de Holanda, 25 anos, instrutora de yôga. "Então, eles concluíram que, em vez de colocar a energia do orgasmo como função exclusivista, o casal deve doar essa energia um ao outro, ininterruptamente. Não é à-toa que os franceses chamam a ejaculação de ´a pequena morte´. Depois dele, fica-se mais vivo, mais produtivo", ela explica.

Em Conversas na Varanda, de Regina Navarro, a atriz Ítala Nandi, confessa ter tido uma experiência inesquecível com um hindu.: "Ele lavou meus pés, passou óleo no meu corpo. Quando chegou à cabeça, eu já estava louca. Detinha-se em lugares do meu corpo que eu nunca tinha imaginado fossem tão interessantes, como embaixo do braço. Atrás do tornozelo, então, é incrível. Aprendi que tinha que fazer o mesmo com ele". 

O ´maior playground do universo´. É assim que o psicoterapeuta José ângelo Gaiarsa vê o corpo. "Nossa pele tem mais de 600.000 pontos sensíveis e somos movidos por 300.000 neurônios motores medulares. Setenta por cento dos americanos (não há estatísticas brasileiras), por exemplo, ejaculam 2 minutos ou menos depois da penetração. Se pudermos imaginar quantos dormem depois disso...", lamenta Gaiarsa.

Matéria retirada do Estadão.